Resenha do livro : A culpa é das estrelas
“A culpa, meu caro Bruto, não é de nossas estrelas / Mas de nós mesmos, que consentimos em ser inferiores.”* – Júlio César, de Shakespeare
As palavras de Shakespeare parecem perfeitas, mas não para os personagens de John Green.
Para ele, nem todos são responsáveis por seus próprios sofrimentos,
apenas tiveram muito, muito azar. E essa é a história de Hazel e
Augustus…
Quando me dei esse livro de presente, em outubro do ano passado,
estava sendo corajosa – muito corajosa. Isso porque não aguentava mais
as pessoas idolatrando o livro à exaustão, a ponto de eu ter calafrios
só de ouvir falar ou ler sobre o assunto.
Enfim, quase dez meses se passaram e, finalmente, parece que estava
entrando no clima da leitura. Respirei fundo, deixei toda e qualquer
expectativa de lado, e me joguei em A Culpa É Das Estrelas.
Hazel Grace – Só Hazel, por favor! – tem 16 anos e há 3 luta
contra um câncer terminal que, apesar de encolhendo, não lhe dará mais
que alguns anos de vida. Ela abandonou a escola há algum tempo e passa
as tardes assistindo America’s Next Top Model, o que não quer dizer que
ela seja totalmente infeliz.
A verdade é que Hazel há muito tempo aceitou seu destino, e a única
coisa que a deixa preocupada, magoada e, principalmente, culpada, é a
forma como seus pais precisam encarar esse grande desafio. Isso e a
chatice de ter que ficar carregando um cilindro de oxigênio pra todos os
lados.
As coisas começam a mudar em sua vida quando, por insistência da mãe,
ela vai à reunião de um grupo de apoio para jovens com câncer. Não era
sua primeira vez, claro. Já estava acostumada com o ambiente meio
esquisito e o discurso otimista, mesmo para os que não tinham mais
chances… Mas era a primeira vez de Augustus Waters.
Gus é lindo e tem sua própria cota de sofrimento, tendo perdido uma
perna por conta do câncer. Ele é amigo de Isaac, um menino cego com quem
Hazel dividia suspiros irônicos durantes as reuniões, e acaba se
aproximando da menina. E é claro que daí nasce um relacionamento
bastante real, com aspectos dramáticos e muitos momentos fofos.
Uma das coisas que a menina mais ama na vida é um livro chamado “Uma
Aflição Imperial”, que termina no meio de uma frase, deixando muitas
questões em aberto. Fã incondicional do autor, Hazel sonha em descobrir o
que aconteceu – só assim sua vida poderia seguir completa. Mas o autor
nunca respondeu nenhuma de suas cartas.
Com um empurrãozinho da doença, Gus e Hazel acabam em uma aventura
meio surpreendente [e essa é a parte que achei menos crível do livro]
para encontrar Peter Van Houten, o autor. E essa é só uma das várias
reviravoltas da história, que acabou me prendendo durante cada página,
até o fim.
O livro é completamente fofo e emocionante. Não é exagerado, mas acho
que justamente o contrário – uma vez ou outra sinto que faltou uma
profundidade nos sentimentos, talvez culpa da narrativa em primeira
pessoa. Diferente da caricatura que poderíamos encontrar, achei os
personagens muito bem construídos – apesar de não tão profundos quanto
imaginei.
Hazel é forte (ou finge muito bem), preocupada com os outros mais do
que consigo mesma, com um humor ácido e ótimas doses de ironia. Gus é
fofo, inteligente e muito cativante, tornando as interações ainda mais
bacanas. Sem contar o humor negro que permeia muitas partes da
narrativa.
O livro me envolveu de uma forma despretensiosa. Não foi algo
extremamente arrebatador, mas conseguiu mexer comigo não só pela
situação que aqueles jovens – Gus, Hazel, Isaac e todos os outros –
viviam, mas pelas famílias e todos ao redor. Foi uma leitura muito mais
intensa que Looking For Alaska, primeiro livro que li do autor, que, apesar de bom, não chega ao nível de envolvimento desse.
John Green conseguiu me pegar COMPLETAMENTE
desprevenida, numa das melhores reviravoltas de trama que li nos últimos
tempos. Sem exageros, não esperava o que ele fez. Partiu meu coração em
um milhão de pedacinhos… Mas sabia que aconteceria, isso precisava ser
feito. Pacientes terminais morrem. É a vida. É a crueldade do destino. A
culpa das estrelas.
Para quem ama histórias fofas, apesar de dramáticas, bem escritas e
envolventes esse livro é uma ótima pedida. Mas aconselho que façam como
eu: com calma, sem expectativas. Deixe Hazel, Gus e John Green surpreenderem você. :)
Oh, não costumo colocar citações em resenhas, mas essa resume bem o espírito da protagonista e da história: “Há
dias, muitos deles, em que fico zangada com o tamanho do meu conjunto
ilimitado. Eu queria mais números do que provavelmente vou ter.” (p.235)
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(*) O texto retirado direto de Shakespeare em
português diz assim: “Há momentos em que os homens são donos de seus
fados. Não é dos astros, caro Bruto, a culpa, mas de nós mesmos, se nos
rebaixamos ao papel de instrumentos.”
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